sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Centro Logístico Capixaba impulsionará intermodalidade

Centro Logístico Capixaba impulsionará intermodalidade
Projeto da Nutripetro deve fomentar negócios para cabotagem nacional.

A Nutripetro anunciou que o CLC (Centro Logístico Capixaba) também fomentará o uso do transporte de cabotagem no Brasil. Durante a XIV Conferência Nacional de Logística - evento realizado pela Aslog em São Paulo, no último dia 20 -, o diretor geral da Nutripetro, José Roberto Barbosa da Silva, apresentou o projeto da instalação, que ocupará área total de um milhão de metros quadrados em Barra do Riacho, na orla de Aracruz (ES).

"A cabotagem hoje no Brasil é fundamental. Temos que brigar para implementá-la efetivamente. É a solução que vem sendo discutida para reduzir os custos de transporte no País, mas até o momento não tem uma proposta concreta para implementação", afirmou o executivo.

Segundo Silva, o novo complexo servirá para dividir as movimentações com os portos vizinhos, possibilitando mais alternativas de escoamento da produção nacional e evitando congestionamentos. "Temos hoje nos porto de Vitória e Vila Velha um recebimento de grande quantidade de carga de projeto que estão migrando para Minas Gerais, trazendo transtorno dentro da área urbana do Espírito Santo. O que queremos é trazer estes volumes também por ferrovias, para levar carga de projeto para as regiões interioranas do Espírito Santo e Minas Gerais", informa Silva.

O novo porto promoverá a convergência de modais para a distribuição de cargas internacionais para o Brasil e exterior, contando com porto alfandegado de 250.000 metros quadrados. "No nosso complexo, tentaremos migrar toda a parte de nossa interlândia compreendida entre o Sul da Bahia e Norte de São Paulo através do transporte de cabotagem pelo nosso porto, integrando Itajaí e Suape. Já discutimos com as diretorias dos portos de Suape e Itajaí, para que se faça a integração entre esses três pontos: Norte, Sul e Sudeste", pontua.


Início das operações

O centro terá infraestrutura de estocagem para atender as empresas exportadoras e importadoras, e deve começar a operar como porto seco até o final do ano. "A ideia é ter três pontes com 20 metros cada e um quebra mar com 1,2 mil metros para operações de suporte à exploração de petróleo e movimentação de equipamentos", explicou o executivo.

O investimento é de R$ 600 milhões em píeres de atracação e terminais para grãos, granéis sólidos e líquidos, carga geral, produtos siderúrgicos, embarque e desembarque de automóveis, rochas ornamentais e para atender às bases de exploração de petróleo. Serão construídos tanques especiais para armazenamento de produtos químicos, petroquímicos e alimentícios para gases e líquidos. O Porto da Nutripetro terá três berços para cargas e um espaço para cinco barcaças (supply boat).

O diretor acrescentou que no final de 2011, a área deve ser ampliada para 500 mil metros quadrados. Assim, o porto poderá receber embarcações dos tipos graneleiros e Panamax. "Estamos efetivamente garantidos com operações de carga geral, rocha ornamental, equipamentos siderúrgicos e carga de projeto, além de veículos e artigos offshore. O objetivo é operar com toda essa gama de cargas a partir de 2014".

Em relação à movimentação de veículos, serão 8.404 no primeiro ano de funcionamento do Centro, 54.103 no quinto ano e 75.393 no décimo ano. Além de outros equipamentos, o Centro Logístico terá balanças rodoviárias, pátios de contêineres e de estocagem, tanques especiais para armazenamento de produtos químicos, petroquímicos e alimentícios, armazéns climatizados e um setor de reparo para contêineres. As instalações serão projetadas para o recebimento de cargas especiais e para cada tipo de material.

A instalação também contará com condomínio residencial com 360 apartamentos, hotel com 240 apartamentos, shopping, cinema e a unidade de envazamento e fabricação de botijões de gás de cozinha (GLP) da Nutrigás, outra empresa do grupo.

Fonte: Guia Marítimo

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

As duas faces da valorização da moeda brasileira

A consolidação da estabilidade econômica no Brasil das últimas décadas e a recente enxurrada de dólares no mercado brasileiro trouxe à tona uma velha discussão: os reais efeitos de um dólar barato para o desenvolvimento da economia.
De acordo com uma pesquisa da FGV, de janeiro a setembro de 2010 o dólar acumula uma queda de 2,93%, vencendo para baixo a barreira do R$ 1,70. E o consumidor já pode sentir os efeitos no bolso.
No mesmo período, vários produtos tiveram reduções maiores que a desvalorização do dólar. Televisores (-8,23%), celulares (-5,19%) e os aparelhos de som (-3,97%) são alguns dos que tiveram queda nos preços, já que estão na lista dos mais importados.
Não apenas os produtos de consumo duráveis foram beneficiados.  Pesquisas indicam que a desvalorização da moeda norte-americana contribui para o controle da inflação, inclusive pressionando os preços dos alimentos importados, como trigo, milho, entre outras commodities alimentícias.
Além de reduzir o preço, a queda do dólar beneficiaria a modernização do parque industrial do país, permitindo produzir mais com menor custo e maior tecnologia. Mas para isso, seria preciso fazer uma desoneração das importações de equipamentos.  Hoje, os tributos incidentes sobre bens de capital no Brasil inviabiliza os investimentos.
Mas também há o outro lado da moeda. Pesquisas também indicam que a indústria brasileira está perdendo espaço para as importações, que já respondem por 20% de tudo que é consumido no Brasil.
Entre 2002 e 2008, o ritmo de crescimento das importações era de 1,1% ao ano segundo uma renomada consultoria brasileira.  De 2009 pra cá, o crescimento saltou para 4,3% ao ano.
Toda a cadeia produtiva está sendo afetada pela importação.  Desde insumos até produtos acabado, como carros importados. Se de um lado há o controle da inflação, do outro as empresas nacionais alegam que estão sendo prejudicadas. E o remédio que querem é a proteção ao governo, como o aumento das barreiras à importação (mais ainda).
Também se sabe que a queda da moeda norte-americana tem um efeito nefasto para os exportadores. Cada centavo perdido reduz a força financeira, dificultando a manutenção da competitividade no exterior. Porém, nem tudo pode ser creditado a desvalorização do real.
O custo da produção brasileira é muito alto, e boa parte dos problemas são conhecidos por todos há décadas: péssima infraestrutura logística e portuária, alta carga tributária, custos trabalhistas, inchaço da máquina pública , altíssimas barreiras não tarifárias, entre vários que poderíamos citar aqui.
Além disso, as exportações brasileiras representam apenas 15% do PIB. E alguns mitos precisam ser derrubados nessa discussão.
O primeiro mito é de que o governo pode controlar a taxa do dólar Criar mecanismos de administração da moeda já aconteceu no passado em uma época em que a inflação ultrapassada os três dígitos.
Hoje, este tipo de situação seria impensável em uma economia de mercado como a do Brasil. Inclusive, criticamos a China pelo controle da sua moeda, e não poderíamos fazer a mesma coisa só porque uma parcela da classe empresarial não consegue ser mais produtiva.
O segundo e importante mito a ser derrubado é que as importações só beneficiam a geração de emprego em outros países, como na China. Uma bobeira constantemente dita por pessoas que conhecem (ou deveriam conhecer) a complexidade de uma economia gigantesca como a do Brasil.
A título de informação, apenas em 2010 o Brasil acumulou um superávit comercial de US$ 4,4 bilhões com a China até agosto. E nos últimos 12 meses foram criados 2,27 milhões de empregos com carteira assinada no país, prova de que as importações não podem ser responsabilizadas pelo aumento dos empregos.
Ao invés de manter a discussão entre perdedores e ganhadores, o governo brasileiro precisaria fazer o seu dever de casa: controlar os gastos públicos e fazer as reformas estruturais, permitindo o aumento no nível de investimento e a queda nas taxas de juros.

Por Carlos Alberto